quarta-feira, 30 de março de 2011

A Graça de Deus

Por muitas vezes na caminhada cristã, paramos e nos perguntamos: “Até onde a Graça e misericórdia de Deus podem me alcançar”?
            Antes de tentarmos limitar a Graça e Misericórdia do Pai, precisamos parar e pensar o que elas significam realmente em nossas vidas.
            Quando Deus criou o homem e a mulher, Ele os dotou de sabedoria e livre arbítrio, Deus em sua pré ciência já sabia que o homem iria pecar, e se distanciar de sua presença, justamente por isso, lemos em Apocalipse 13:8, que Jesus é o Cordeiro de Deus, que foi morto antes da fundação do mundo.
            Deus antes mesmo da queda do homem já havia traçado o plano da salvação, e começou a mostrar a sua Graça.
            Ao abrimos a bíblia em Gênesis 3:7 contemplamos como o homem desde o princípio tem tentado cobrir os seus erros de modo errôneo. Adão e Eva haviam transgredido contra os mandamentos do Senhor, tomando do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, após terem se alimentado daquele fruto, contemplaram que estavam nus, que estavam nus não apenas física, mas também espiritualmente!
            Ora, isso parece com a nossa história, pecamos contra Deus, e percebemos que estamos nus, despidos e desprovidos de qualquer coisa que possa encobrir nossos erros. Mas mesmo assim damos um ''jeitinho brasileiro'', e procuramos nos justificar com as nossas próprias obras, e isso aprendemos a fazer com o nossos primeiros  pais Adão e Eva.
            Ao descobrirem que estavam nus, cozeram para si folhas de figueira, e fizeram aventais para assim cobrirem a sua nudez e a sua vergonha. Eles não queriam enganar a Deus, não queriam disfarçar, eles queriam que Deus ao contemplá-los se admirasse e visse que não havia sido uma idéia tão tola comer daquele fruto, que afinal de contas eles estavam nus, mas já haviam se vestido, tinha algo de errado nisso? Pode ser que naquela hora não! No momento aquelas folhas de figueira poderiam resolver, mas um dia iriam perecer, um dia elas iriam secar, um dia elas já não serviriam para cobrir a sua vergonha.
            Isso não nos soa familiar? Nós  descobrimos que estamos errados da cabeça aos pés, mas sempre tentamos encobrir isso, com nossas “Boas Obras”, “Boas ações, “Dias de culto que nunca faltamos”, e ao fazermos isso, batemos no peito e dizemos para nós mesmos: “Tudo bem, eu errei, mas já fui à Escola Dominical, e creio que isso pode encobrir meu erro por uma semana”, “Dei meu dízimo esse mês, então não preciso me preocupar tanto assim com meu irmão, ou em refrear a minha língua”, e assim vamos cozendo folhas de figueira aqui, cozemos outras ali, e pronto! Tudo resolvido, em perfeita ordem!
            Essa é a realidade que tentamos viver, e que gostaríamos que fosse verdade, mas não é! Com o passar do tempo nossas ''folhas de figueira'' começam a secar, uma erva daninha começa a comê-la e em questão de tempos vemos a nossa Justiça Própria totalmente aniquilada. Vemos que assim como profetizou Isaías a nossa Justiça não passa de trapos de imundícia. (Isaías 64:6).
            É justamente por essa razão que Paulo ao escrever aos romanos é tão categórico e direto em seus assuntos, ele sabia claramente que todos os homens haviam pecado, e por isso toda a humanidade estava condenada a viver distante da glória de Deus. Segundo a perspectiva de Paulo não há um justo sequer, não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus (Rom 3:9-10)
            Ele continua dizendo que:
 “a garganta do homem é como um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e amargura, os seus pés são ligeiros para derramar sangue, em seus caminhos há destruição e miséria e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos. Ora nós sabemos que tudo o que a lei diz, diz aos que estão debaixo da lei, para que toda a boca esteja fechada, e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante d'Ele...”
 (Rom 3:11-20a)”
            Em que situação complicada nos metemos! Diante de Deus somos todos condenáveis, porque? Porque pecamos! “E o salário do pecado É a MORTE” (Rom 6:23 grifo meu).
            Erramos, pecamos e transgredimos contra o Senhor, e isso é indiscutível! Diante de Deus somos irreconciliáveis por nossas obras, por nossas “Folhas de Figueira”. Deus não as aceita, porque são obras mortas, obras que hoje surtem efeitos, e amanhã perecem...
            Deus sabia que nós nunca conseguiríamos nos salvar, ou resgatar nossa amizade com Ele. Isso mesmo AMIZADE, após pecar o homem se tornou inimigo de Deus, de acordo com Paulo aos romanos. 5:10, éramos INIMIGOS de Deus... destituídos da Glória do Pai.
            Se olharmos bem texto de gênesis após a cena das folhas de figueira, e atentarmos para seus detalhes, veremos que Deus mesmo ali em um momento de queda do homem demonstrou seu amor para com ele, o texto diz da seguinte forma: “E fez o Senhor Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles e os VESTIU” (Gn 3:21 grifo meu).
            Deus sabia que aquelas folhas que Adão e Eva haviam pegado logo iriam perecer, e logo o homem teria que fazer outro avental, e isso seria um ciclo vicioso, pois essas folhas simbolizam a Justiça Humana, o homem sempre tenta justificar seus erros, e suas ações, sempre tenta achar ''desculpas''  e encobrir os suas falhas, e Deus tem procurado desde o Gênesis mostrar que não é assim que iremos resolver as coisas, pecamos, erramos, transgredimos, Sim! Mas Ele sabe disso,  sempre soube, e o que quer que entendamos é que Ele tem tentado nos dizer: “Calma, eu tenho vestes reais para lhe dar, tenho vestes feitas com pele de Cordeiro. Cordeiro perfeito, imaculado. Vestes que não irão perecer porque são da minha GRAÇA!!!
            Paulo me parece que foi feliz em entender essa idéia, pois após ele descrever a situação pecaminosa do homem,  ele destaca: “Por isso nenhuma carne será justificada perante Ele PELAS OBRAS DA LEI, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rom 3:20 grifo meu).
            O apóstolo sabia que o homem sempre tentaria se justificar pelas Obras da Lei, e por persistir nessa tentativa ele sempre seria injustificável diante de Deus, mas se ele atentasse para as vestes que Deus tem para lhe dar as coisas seriam diferentes, pois:

 “Agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus... isto é a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus, sendo JUSTIFICADOS GRATUITAMENTE, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos sob a paciência de Deus, para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que Ele seja JUSTO e JUSTIFICADOR, daquele que tem fé em Jesus”. (Rom 3:21-26 grifo meu)

Que dádiva imerecida! A nossa justiça não vem por nossas obras, e sim pelo Sacrifício de Cristo na Cruz do calvário, e Jesus não é apenas Justo, mas Justificador, não é apenas Santo, é Santificador, não veio para condenar o mundo, e sim para salvá-lo, e sim para restaurar a AMIZADE nossa com Deus:

 “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova seu AMOR para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nos ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos de sua ira. Porque se nós sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual alcançamos a RECONCILIAÇÃO”. (Rom 5:6-11 grifo meu)

            Ele não veio condenar o mundo, mas veio para que o mundo fosse salvo por Ele, e fez tudo isso simplesmente por AMOR, nos deu GRAÇA, favor que não merecemos, teve MISERICÓRDIA de nós, colocando-se em nosso lugar de miséria, dor e sofrimento, para que pelas suas pisaduras fôssemos sarados, o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele!
            Mas quero chamar sua atenção para um pequeno fato, a morte de Cristo não foi apenas para o mais vil pecador, que se arrepende. Ela também se destina a nós, que fomos salvos de sua ira, mas que constantemente erramos em alguns pontos, e falhamos em alguns mandamentos.
            Temos a terrível concepção que se uma vez fomos salvos, e erramos, pecamos ou transgredimos, a Ira de Deus recai sobre nós e somos irreconciliáveis, quando na verdade a Graça do Pai se estende ao filho pródigo, ao bastardo e ao que está em casa todos os dias! Isaías nos diz que “Ele não veio para apagar o pavio que fumega ou quebrar a cana trilhada” (Is 42:3).
            Temos que procurar ter uma vida de santidade e de perfeição diante de Deus, mas mesmo nessa caminhada em busca da estatura do varão perfeito, iremos “vacilar” por diversas vezes, e temos que entender que nesses momentos em que ''saímos da risca'' O Pai estará com as suas mãos estendidas nos oferecendo a Graça d'Ele, e podemos ter certeza que ele não estará com uma expressão zangada, querendo nos consumir no mesmo instante em que olha para nós, pelo contrário, Ele estará com o olhar mais terno possível, quase que sussurrando a nós: “Eu sei que você errou, mas a minha Graça é abundante para te justificar diante de teu adversário”.
            O exemplo mais claro que temos disso é a arca da aliança e o sacrifício anual do povo israelita. Uma vez por ano o Sumo sacerdote tinha que apresentar um sacrifício de um cordeiro imaculado, de um ano, afim de extirpar os pecados da nação, mas o mais interessante em tudo isso é o momento em que ele entrava no Santo dos Santos, pois ali havia a arca da aliança, e essa arca trazia em si um pouco do maná do deserto, simbolizando  providencia de Deus, a vara de Arão, mostrando que Deus é um Deus fiel em suas promessas, e a tábua com os dez mandamentos, mostrando a aliança de Deus com eles, e era justamente aí que começava a 'complicar' o assunto, quando o sumo sacerdote entrava no santo dos santos, ele espargia sobre a arca o sangue do animal que havia sido sacrificado. Se o sacrifício houvesse agradado a Deus, e o sumo sacerdote estivesse em santidade, Deus aceitaria aquela oferta, e tanto o sumo sacerdote como toda a nação sobreviveria. Caso contrário o sumo sacerdote seria fuzilado na mesma hora pelo juízo divino, e a nação de Israel sofreria sérias conseqüências.
            Olhando para isso vemos o que Paulo disse aos Romanos, que pelo conhecimento da Lei vem o pecado, as tábuas dos dez mandamentos simbolizavam a Lei, se o sacrifício fosse perfeito, e o sumo sacerdote estivesse em santidade, Deus não olharia para os mandamentos dentro da arca e sim para o sangue que foi espargido sobre ela , olhando para o sangue, a lei era de certa forma ''escondida'' e sem lei não há pecado, logo não há juízo! Se hoje nós somos a arca de Deus, e em nós temos o conhecimento da lei todas as vezes que Deus olhasse para nós deveríamos ser consumidos, MAS, um Cordeiro perfeito, na pré ciência divina foi sacrificado, e há cerca de dois mil anos atrás isso se concretizou, o sacrifício foi perfeito, o Sumo sacerdote por excelência segundo a ordem de Melquisedeque é Santo e Santificador, o sacrifício e o Sumo sacerdote foram aceitos de forma tão perfeita que o véu do templo rasgou-se, e hoje quando Deus nos olha, não vê a lei, ou os pecados, mas o Sangue que foi vertido na Cruz do calvário, e está sobre as nossas vidas! Somos justificados por Ele, e co-herdeiros das promessas de Deus com Ele.
            Em suma, a Graça de Deus pode nos alcançar nos momentos mais difíceis e de piores situações espirituais, pois o Eterno sempre olhará para o Gólgota, e nos acolherá em seu Santuário.


Portanto nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus...” (Rom 8:1)

Nenhum comentário:

Postar um comentário